A Voz do Bispo › 20/11/2020

Estende tua mão ao pobre

No domingo passado além das eleições celebramos o 4º Dia Mundial dos Pobres e neste domingo por ocasião da solenidade de Cristo Rei do Universo a igreja do Brasil comemora o Dia Nacional dos Leigos, que tem como lema: “Cristãos leigos e leigas: testemunho e profecia a serviço da vida”.

Aproveito a mensagem do papa para o Dia Mundial do Pobre, que sensibiliza a nós todos – leigos/as, religiosos/as e clero – a olhar a vida dos pobres com maior carinho e solidariedade, o melhor jeito para manifestar a realeza, Cristo Jesus, em nossas vidas. Alguns breves textos mais significativos que mechem com nossos sentimentos e atitudes.

‘Estende tua mão ao pobre’ (Sir 7,32): a sabedoria antiga dispôs estas palavras como um código sacro que se deve seguir na vida. Hoje ressoam com toda a densidade do seu significado para nos ajudar a concentrar o olhar no essencial e superar as barreiras da indiferença.

A Palavra de Deus ultrapassa o espaço, o tempo, as religiões e as culturas. A generosidade que apoia o vulnerável, consola o aflito, mitiga os sofrimentos, devolve dignidade a quem dela está privado, é condição para uma vida plenamente humana. A opção de prestar atenção aos pobres, às suas muitas e variadas carências, não pode ser condicionada pelo tempo disponível ou por interesses privados, nem por projetos pastorais ou sociais desencarnados. Não se pode sufocar a força da graça de Deus pela tendência narcisista de se colocar sempre a si mesmo no primeiro lugar.

Manter o olhar voltado para o pobre é difícil, mas tão necessário para imprimir a justa direção à nossa vida pessoal e social. O encontro com uma pessoa em condições de pobreza não cessa de nos provocar e questionar. Como podemos contribuir para eliminar ou pelo menos aliviar a sua marginalização e o seu sofrimento? Como podemos ajudá-la na sua pobreza espiritual? A comunidade cristã é chamada a envolver-se nesta experiência de partilha, ciente de que não é lícito delegá-la a outros.

Estender a mão leva a descobrir, antes de tudo a quem o faz, que dentro de nós existe a possibilidade de realizar gestos que dão sentido à vida… Estender a mão é um sinal que apela imediatamente à proximidade, à solidariedade, ao amor. ‘Estende a mão ao pobre’ é, pois, um convite à responsabilidade, sob forma de um empenho direto, de quem se sente parte do mesmo destino.

Possa a oração à Mãe dos pobres acomunar estes seus filhos prediletos e quantos nos servem em nome de Cristo. E a oração transforme a mão estendida num abraço de partilha e reconhecida fraternidade. Deixemo-nos iluminar por essas palavras cheias de sabedoria e graça pois somente assim Cristo reinará na igreja e no mundo.

 

Para refletir: Como costumo reagir quando alguém me estende a mão? Qual é a minha primeira reação quando esse é um pobre e mal vestido? Consigo ver nos pobres, doentes, sofredores, dependentes químicos, mendigos, presos irmãos meus? Já me dei conta que o pobre que estende a mão pode estar sob o mesmo teto, em minha casa?

 

Textos bíblicos: Sir 7, 22-36; Ez 34, 11-17; Mt 25,31-46; Sl 22(23).

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