A Voz do Bispo › 10/03/2022

Fala com sabedoria e ensina com amor

Esse belo lema da Campanha da Fraternidade 2022 nos acompanhará durante todas essas semanas até a Semana Santa. Não pensemos que isto seja somente para os professores, tidos os profissionais da educação, mas possamos perceber que pode ser um ideal de vida, jeito de exercer nossa profissão e missão, qualquer que seja. O texto base conduz a reflexão em quatro capítulos: discípulos da Palavra, escutar, discernir e agir. Neste meu artigo semanal tragos alguns conceitos e mensagens que podemos encontrar em modo mais desenvolvido no texto base.

Deixo a leitura do capitulo “Discípulos da Palavra” para a meditação pessoal de Jo 8,1-11, onde aparece plasticamente a pedagogia do amor misericordioso de Jesus que veio para substituir a lei rígida e fria que juga e condena.

No início do segundo capítulo “Escutar”, o texto inicia fazendo uma distinção entre ouvir e escutar. O escutar está mais na linha da comunicação e o ouvir mais linha da informação. O escutar supõe proximidade, sem a qual não é possível um verdadeiro encontro, é uma condição para as nossas relações e para compreender o que se passa; escutar é condição para falar com sabedoria e ensinar com amor. Escutar o outro é o ponto de partida para acolher, compreender, problematizar e transformar a realidade.

A realidade também fala através dos acontecimentos. Escutar a realidade é recuperar a percepção dos sinais dos tempos. A escuta na esteira da pedagogia de Jesus, não orienta os ouvidos somente para os sons que nos interessam. É uma escuta integral com o ouvido e com o coração, que buscam a inteireza da realidade com tudo o que ela pode trazer. E, a partir dessa escuta, perceber a vontade de Deus e os caminhos que podemos escolher.

Referindo-se a realidade da Pandemia o texto afirma que “educar, antes de dar lições, é aprender com as lições cotidianas e com as crises. E que aprender não é só uma capacidade humana, mas é condição da nossa humanidade. Ressalta a necessidade de ajudar as pessoas a se propor, diante da nova realidade, novos projetos de vida que vão determinar um projeto de sociedade. Aprender do vivido a construir o novo não é automático porque o aprender na escola, na família, na igreja e em sociedade exige esforço, uma forma adequada de compreender o vivido e as relações entre os acontecimentos.

Escutando com o coração, aprendendo com os acontecimentos da história pessoal, comunitária e das civilizações, percebendo as relações entre essas dimensões, na formação do ser humano, coloca a pessoa na condição de “falar com sabedoria e ensinar com amor”.

 

Para refletir: Como é minha capacidade de escutar? Consigo escutar com o coração e acolher as pessoas com o que são, pensam, fazem e sofrem? Tenho para mim um projeto de vida? Em que consiste? Sinto-me uma pessoa que fala com sabedoria? Todos temos alguma responsabilidade com o ensino/aprendizado. Consigo fazê-lo com amor?

 

Textos bíblicos: Gn 15, 5-18; Fil 3, 17-4,1; Lc 9, 28-36; Sl 26(27).

 

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