A Voz do Bispo › 02/02/2024

A vida é apenas um sopro

O ser humano tem várias maneiras de encarar a vida. Alguns simplesmente vivem sem questionar por que vivem. Passam a vida inteira sem ponderar sobre o sentido da existência. Outros, ao confrontarem a questão da origem, caem em uma fossa profunda, da qual só conseguem emergir com muita ajuda e sofrimento para recobrar a serenidade e a paz.

O texto de Jó 7,1-7 da liturgia deste domingo (4) nos faz refletir e pode ser uma resposta a esses e muitos outros questionamentos que surgem em nossa vida. Lemos: “Não é, acaso, uma luta a vida do homem sobre a terra? Apenas me deito, digo: ‘Quando chegará o dia?’ Logo que me levanto: ‘Quando chegará a noite?’ E até a noite me farto de angústias. Meus dias passam mais depressa que a lançadeira, e se desvanecem sem deixar esperança. Lembra-te de que minha vida nada mais é do que um sopro, de que meus olhos não mais verão a felicidade”.

Para entender esse texto, devemos recordar a história de Jó, que passa de uma situação confortável, positiva e cheia de promessas para a perda total do que construíra e conquistara com sua dedicação e empenho como pessoa de bem.

Dificilmente seremos provados com tanta dramaticidade. Contudo, ao observarmos a realidade ao nosso redor, com as situações existenciais de pessoas, famílias, grupos e até povos, surge a pergunta: por que esse acidente, aquela doença, aquele temporal ou tempestade, aquela pandemia…

Ontem éramos jovens, prontos para correr e lutar por certas causas. Hoje, ao chegarmos aos sessenta, setenta anos, tudo se torna mais difícil, menos ágil, com a memória diminuindo… Os anos passam, e o tempo parece escorregar de nossas mãos. Quase a dizer com Jó: “Minha vida nada mais é do que um sopro”.

Se observarmos bem, devemos reconhecer que a vida realmente nos escapa, e o tempo para fazer o bem fica sempre mais curto e limitado. Portanto, é prudente gastá-lo bem. Com simplicidade e fé, precisamos encontrar o sentido profundo do nosso viver para nunca perder a esperança.