A Voz do Bispo › 29/03/2019

O abraço restaurador

Continuando nossa caminhada quaresmal, a liturgia nos brinda com a parábola do Pai misericordioso. Texto muito conhecido e sempre oportuno que nos convida a reconciliação com Deus e com nossos irmãos e irmãs.

Semanas atrás meditávamos sobre a afirmação de Jesus: “Sejam misericordiosos como o Pai de vocês é misericordioso” (Lc 6,36) e dizíamos que o contexto dessa afirmação de Jesus é o das bem-aventuranças que convida a amar os inimigos.

Assumir esse jeito de ser de Deus é o grande convite de Jesus e deve caracterizar a vida cristã. Muitas são as lições de vida que poderíamos tirar da parábola do Pai misericordioso.

O filho mais moço reconhece que por sua atitude de rebeldia e ingratidão não mereceria ser acolhido, mas conhece bem o coração do pai e se anima a retornar. Eis a surpresa: o pai não reage como costuma fazer a maioria dos pais: não xingou, não fez perguntas, mas correu para o abraço da acolhida. Dá ordens para que seja vestido com roupas novas, anel e sandálias nos pés, restabelecendo-o na sua dignidade. Manda preparar uma festa para comemorar a volta do filho que estava morto e voltou a viver, estava perdido e foi encontrado.

Preocupante é a reação do filho mais velho, que ressentido e enciumado se nega a acolher o irmão. Sua reclamação mostra que sua relação com o pai é sem coração e muito formal. Não por isso o pai deixa de ir ao seu encontro convidando-o a entrar.

Jesus viveu assim: se fez solidário; não fez distinção de pessoas; amou e ama gratuitamente tanto um como o outro; acolhe, perdoa, reintegra na comunidade; alegra-se com o volta do filho perdido, partilha sua alegria, vai ao encontro; sofre com o outro, espera, abraça, festeja os momentos vitais das pessoas.

Filho mais novo ou mais velho pouco importa. Importa que assumamos as atitudes do Pai e do Filho enviado: perdão, compaixão, amor, acolhida, desejo sincero de reconciliação e paz.

Longe de Deus ninguém encontra paz, felicidade e sentido para a vida. Toda volta ao irmão, à família, à comunidade e ao próprio Deus é uma graça a ser comemorada. Não tenhamos medo de dar o passo que pode mudar nossa vida. Não tenhamos medo de participar seja no diagnóstico dos filhos perdidos como da construção de políticas públicas que abram caminhos para a justiça e a solidariedade.

 

Para refletir:

  • Desse texto de Lc 15 aparecem vários personagens. Qual chama mais a minha atenção e porquê?
  • Tem alguma pessoa do meu convívio que precisaria estender a mão para o bem meu e dela?
  • Como essa Palavra de Deus pode nos ajudar a tornar concreta a prática quaresmal e a acolhida da proposta da Campanha da Fraternidade?

 

Textos Bíblicos: Lc 15, 11-32; 2Cor 5, 17-21; Sl 33.

 

 

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