A Voz do Bispo › 10/06/2022

Mistério de amor

No primeiro domingo depois de Pentecostes, a Igreja Católica celebra a Solenidade da Santíssima Trindade. Neste dia somos chamados a contemplarmos o nosso Deus, que se manifestou como Pai, Filho e Espírito Santo. Assim é o Deus dos cristãos: um só Deus em três Pessoas. A comunhão de vida entre eles é tal que formam uma unidade. A comunidade perfeita, modelo para toda forma de convivência. Três pessoas divinas e um só Deus, mistério de nossa fé.

Como isso pode se dar é um tanto misterioso, mas não impossível de entender. Se nos deixamos iluminar pela Sagrada Escritura, descobrimos que Deus age como Pai criador; comunica com sinais e prodígios; fala pela boca de Moisés e dos profetas; escuta o grito do seu povo e desce para libertá-lo; caminha com ele e promete um Messias que vai restabelecer a unidade e a paz entre todos os povos.

Jesus fala muitas vezes e de muitas formas que veio do Pai, que sua missão é fazer a vontade do Pai, que tudo o que faz e ensina é o que viu o Pai fazer e dele tudo aprendeu. Deixa claro aos discípulos que depois de redimir a humanidade, reconciliando-a com o Pai, deve voltar junto d’Ele, caso contrário o Espírito Santo não virá para ajudá-los a entender tudo o que lhes ensinou.

O Espírito Santo prometido foi derramado sobre os apóstolos reunidos com Maria no cenáculo como meditamos em Pentecostes, transformando-os em testemunhas da Ressurreição de Jesus e suas consequências para a humanidade.

Para nós cristãos, acostumados a nos benzer em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, o Mistério Trinitário torna-se tão familiar que corremos o risco de cair na formalidade e perdermos o sentido profundo que carrega. A Trindade permanece sempre a fonte e o fundamente da vida cristã.

Na compreensão do apostolo João: “Deus é Amor”. Celebrar a Santíssima Trindade é contemplar o amor absoluto de Deus por nós, amor que foi derramado em nossos corações no dia do nosso Batismo.

Se Deus é assim, perfeita unidade na diversidade das três pessoas, somos chamados a vivermos de forma semelhante: um só corpo com muitos membros, mas animados por um único e mesmo espírito: o Espírito Santo de Deus.

Nada mais contraditório que uma comunidade cristã dividida. São João, o discípulo amado, revela que jamais alguém viu a Deus, mas se nos amarmos uns aos outros, Deus aí está no meio de nós.

Jesus prometeu aos discípulos o Espírito, vínculo de amor perfeito, que faz a comunidade sentir a presença consoladora do Senhor. E Paulo assegura aos romanos: “A esperança não decepciona, pois o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado”. Portanto, nada de temer, coragem, em frente, que ELE caminha conosco e guia os nossos passos.

 

Para refletir:

– Qual a minha reação quando ouço falar que “Deus é amor”? Sinto-me amado e querido por Ele?

– O Deus dos cristãos é assim ‘um só Deus em três pessoas distintas’. Acolho com serenidade e alegria essa presença?

– Carrego comigo o bom habito de fazer o Sinal da Cruz algumas vezes durante o dia? Eu sentido dou a essa bênção?

 

Textos bíblicos: Pr 8, 22-31; Rm 5,1-5; Jo 16,12-15; Sl 8.