A Voz do Bispo › 16/02/2018

Somos todos irmãos

Por Dom Jaime Pedro Kohl, bispo da Diocese de Osório

 

Estamos ainda em tempo de férias, pleno verão, uma multidão de irmãos e irmãs curtindo nossas praias, juntando-se às nossas comunidades para celebrar sua fé e esperança cristã.

Neste ano, tivemos uma oportunidade a mais para vivenciarmos a fraternidade, a 41ª Romaria da Terra que acolhemos em nossa Diocese e que refletiu o tema: “Mulheres Terra: resistência, cuidado e diversidade”.

Tudo foi preparado com muito carinho, com a participação de muitas mulheres e homens empenhados em oferecer aos romeiros e romeiras um dia inesquecível, que certamente marcou positivamente a vida dos comprometidos com a questão da Terra e os querem mesmo valorizar o protagonismo dos leigos e, em especial, das mulheres em nosso Estado.

Junto com a Romaria chegou também a Campanha da Fraternidade de 2018 com o tema: “Fraternidade e superação da violência”, inspirada num conceito fundamental para construção da paz e superação da violência, expresso no lema: “Vós sóis todos irmãos” (Mt 23, 8).

Essa convicção que ‘somos todos irmãos’ animou nosso coração na acolhida dos veranistas e dos romeiros e romeiras que chegaram de todos os pagos do nosso Rio Grande.

Aceitar a proposição que ‘somos todos irmãos’, aos menos teoricamente falando, penso que seja pacífico para todos. Mas, existencialmente falando, não é tão tranquilo assim. Os preconceitos e discriminações, muitas vezes presentes de modo sutil e inconsciente habitam muitos corações que precisam de conversão.

Enquanto não entrar e se arraigar profundamente em nós essa convicção, nossa colaboração para a superação da violência e a construção da paz não vão decolar.

Precisamos cuidar para não confundir indignação com ódio, pois esses dois conceitos podem estar muito próximos. Podemos correr o risco de pregar o amor e alimentar o ódio.

A indignação com situações de injustiça, violação de direitos, discriminação é sempre virtude. O ódio contra o irmão, por mais mau ou pecador que possa ser, nunca é bom e nem cristão.

Num contexto de violência como o que vivemos é de extrema importância compreender, assimilar e assumir essa verdade: independentemente de raça, cor, sexo, partido político, religião…: “somos todos irmãos!”

Para nós cristãos isso faz parte da nossa identidade, do nosso credo: sabemos e confessamos que somos filhos do mesmo Pai que está nos céus e em Cristo Jesus somos todos irmãos e irmãs.

Segundo o pensamento do papa Francisco: “a fraternidade é uma dimensão essencial do homem, sendo ele um ser relacional. A consciência viva dessa dimensão leva-nos a ver e a tratar cada pessoa como uma verdadeira irmã, um verdadeiro irmão. Sem tal consciência torna-se impossível a construção de uma sociedade justa, de uma paz firme e duradoura”.

Enquanto os homens não se reconhecerem todos como irmãos, não assimilarem o evangelho do perdão e da misericórdia, não aprenderem a pagar o mal com o bem, a rechaçar qualquer forma de violência, não respeitarem as diferenças e não dialogarem com o outro, não teremos nem justiça e nem paz no mundo.

Portanto, o caminho para a paz é sim: aceitar e assumir que todos somos irmãos e buscar vivermos como tais.

 

Para refletir:

1. Olhando o modo como me relaciono com as pessoas e os sentimentos que alimento, posso dizer que sou uma pessoa que ajuda a construir um mundo de paz?

2. Consigo admitir e acolher com alegria qualquer pessoa, mesmo que não comunga com meu pensamento? Onde devo crescer?

 

Texto bíblico: Mt 23,1-12

 

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