Essa expressão aparece mais vezes no profeta Ezequiel como promessa de um tempo futuro que deverá chegar para Israel, que, no exílio na Babilônia, longe de sua terra e do seu templo, desesperançado a ponto de achar que Javé o abandonou, está como morto, sem vida. A imagem dos ossos ressequidos espalhados pelo vale (Ez 37,1ss) expressa o tamanho do desânimo que assolava o povo. É um grande desafio motivar o povo em tal prostração e reacender nele a esperança de recuperar a vitalidade que sempre o caracterizou.
O tempo de pandemia que vivemos e, mais recentemente, os desastres climáticos, nos quais muitos irmãos ficaram literalmente sem nada, tornaram difícil falar de um Deus que é Pai e cuida de seus filhos, além de continuar confiando e esperando Nele. Mas, graças a Deus, muitos foram os profetas que levaram esperança e coragem para reconstruir vidas e sonhos. E quanta lição de fé e amor veio dos próprios flagelados!
Vale a pena escutarmos a riqueza de expressões que o profeta usa para projetar um futuro para o povo e suscitar o desejo de retomada da vida e da vocação de povo eleito, deixando-se trabalhar pelo Espírito de Deus: “Borrifarei água sobre vós e ficareis puros; sim, purificar-vos-ei de todas as vossas imundícies e de todos os vossos ídolos imundos. Dar-vos-ei um coração novo, porei no vosso íntimo um espírito novo, tirarei do vosso peito o coração de pedra e vos darei um coração de carne. Porei no vosso íntimo o meu espírito e farei que andeis de acordo com os meus mandamentos. Então habitareis a terra que dei aos vossos pais: sereis o meu povo e eu serei o vosso Deus.”
Essa Palavra despertou, sim, a esperança de Israel e ajudou muito a sonhar com uma nova condição de povo livre e soberano, mas se cumpriu plenamente na feliz experiência de Pentecostes, quando os apóstolos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a dar testemunho do Ressuscitado. Põe, Senhor, em cada um de nós o Teu espírito e renova a nossa esperança.