A Voz do Bispo › 04/02/2022

É sempre Deus que chama e envia

Sabemos por experiência que todo encontro tem suas singularidades que repercutem na vida das pessoas deixando marcas. No decorrer de nossa vida encontramos pessoas que, mesmo sem darmo-nos conta, determinam, de certa forma, nossos valores, comportamentos, atitudes e crenças.

Quem tem certa familiaridade com o Evangelho sabe que o encontro com Jesus muda as pessoas. Elas acabam assumindo novo jeito de ser e pensar, tornam-se discípulas missionárias. Em todas as narrativas vocacionais, seja no Antigo como no Novo Testamento, é sempre Deus que toma a iniciativa, convidando a assumir uma determinada missão.

As leituras deste domingo são um exemplo. Em Is 6, 1-8, em uma experiência mística do profeta Isaias, Deus pergunta: “Quem enviarei? Quem irá por nós?” Depois de resistir inicialmente dizendo de não ser digno, o profeta responde: “Aqui estou! Envia-me”.

No Evangelho de Lc 5, 1-11, Jesus convida a avançar para águas mais profundas e lançar a rede, mesmo sendo o momento menos indicado para a pesca. A resposta positiva resultou na pesca abundante deixando os discípulos espantados, tocados. E Jesus diz a Simão: “Não tenhas medo! De hoje em diante, tu serás pescador de homens”. A vida deles mudou: “Então levaram as barcas para a margem, deixaram tudo e seguiram a Jesus”. O encontro foi tão marcante que abandonaram tudo e assumiram a nova missão.

Como no passado, também hoje, Jesus continua passando e chamando muitos de diferentes formas: por meio de pessoas, acontecimentos, na voz da consciência, na oração pessoal e comunitária, na escuta das Sagradas Escrituras, nas celebrações litúrgicas, nos irmãos necessitados.

As propostas do Senhor são mais facilmente percebidas quando cultivamos o encontro pessoal com Jesus. Em cada encontro com Ele a amizade nasce e cresce, a relação se torna mais viva e permanente, mesmo entre dificuldades que surgem no caminho. Como aconteceu com os discípulos, o encontro com Jesus vai invadindo a vida de tal forma que, ao natural, brota a disposição de oferecer a própria vida: “Aqui estou! Envia-me”.

Experimentamos a presença de Jesus e nos tornamos seus discípulos missionários, comprometidos com o anuncio do Evangelho, para que mais pessoas possam encontrá-lo, passando a conhece-lo melhor e responder amor aquele que o amou primeiro, colocando-se totalmente a sua disposição.

O encontro com Jesus provoca o testemunho e gera a missão: “Aquilo que vimos e ouvimos, aquilo que nossas mãos tocaram do Verbo da vida vos anunciamos”. São Paulo expressa isso de outra forma: “Para mim viver é Cristo. Ai de mim se não evangelizar!”

Sim, Jesus continua passando e chamando muitos e muitas ao seu seguimento. Torcemos e rezamos para que possa encontrar corações abertos para ouvir cheios de generosidade para responder: “Aqui estou! Envia-me!”

 

Para refletir:

  • Enquanto batizado, sinto-me discípulo de Jesus Cristo? Como ele entra na minha vida? É referência para o meu pensar e agir?
  • Toda vocação implica uma missão, um serviço na Igreja e no mundo. Como isso está na minha vida? Como se manifesta?
  • Algumas pessoas sentem-se chamadas a consagrar a própria vida a Deus e aos irmãos. Reconheço nisso um valor? Costumo apoiar os jovens que desejam seguir este caminho?

 

Textos bíblicos: Is 6, 1-8; Lc 5,1-11; Sl 137(138).

 

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