A Voz do Bispo › 01/02/2019

Todos somos navegantes

A festa de Nossa Senhora dos Navegantes ou da Boa Viagem, também conhecida como “festa das luzes” ou “Candelária” em ressonância a manifestação do velho Simeão que vendo o menino Jesus sendo apresentado, exclamou: “Agora, Senhor, podes deixar teu servo ir em paz; porque meus olhos viram a tua salvação, que preparastes diante de todos os povos: luz para iluminar as nações e glória do teu povo de Israel”.

É tradição, nesse dia, abençoar as velas que o povo carrega em procissão num clima alegre e festivo, lembrando esse momento da vida de Jesus e a manifestação da sua vocação para a vida do mundo, como muito bem expressa a oração de benção das velas: “Deus, fonte e origem de toda luz que iluminais as nações, nós vos pedimos humildemente: santificai estas velas com vossa benção e atendei as preces do vosso povo aqui reunido. Fazei que, levando-as nas mãos em vossa honra e seguindo o caminho da virtude, cheguemos à luz que não se apaga”.

Essa devoção surgiu no tempo das Cruzadas e das grandes viagens marítimas e fluviais, onde os cristãos sentiam necessidade de confiar-se à proteção de Nossa Senhora diante das dificuldades e desafios da navegação. Pelo mesmo motivo é também invocada como nossa Senhora da Boa Viagem.

Com a chegada dos imigrantes esta devoção se espalhou pela costa brasileira, especialmente na região Sul. Hoje a viagem pelas águas é menos comum, ao menos no nosso contexto. Bem diferente em algumas regiões do Norte. Contudo, todos viajamos, navegamos, descobrimos mundos que não conhecíamos.

A navegação mais comum, hoje, não é pelas águas agitadas dos rios e mares, mas nas redes da internet. Navega-se por mundos de todo tipo e espécie sem sair de casa. Se pode entrar e encontrar águas calmas e tranquilas ou tempestades e temporais que podem colocar em risco a vida humana e espiritual.

Também para esses navegantes modernos, Nossa Senhora intercede se confiamos a ela nossa vida com seus desafios e lutas, nessa corrida louca da sociedade atual.

Ser preservada da mancha do pecado original não isentou a Virgem Maria de todas as realidades humanas. Eis que a vemos solícita indo à casa de Isabel. Na hora de dar a luz ao seu filho primogênito passa pelo constrangimento de estar fora de casa. Recebido o aviso de fugir para o Egito para salvar o filho da perseguição de Herodes, o faz sem titubear. Em Nazaré é a mulher da escuta, guardando todos os gestos e palavras do filho, meditando-as em seu coração. Aos pés da Cruz acolhe resignada a morte do Filho Unigênito.

Acreditamos que com Maria e Jesus no barco da vida chegaremos ao porto seguro da salvação.

 

Para refletir:

1. Como é a minha relação com Nossa Senhora? Sinto sua presença materna no dia a dia de minha vida?

2. Quais são os navegantes que hoje precisam da materna intercessão da mãe Maria?

3. Minha piedade mariana se dá a partir dos dogmas ou por simples tradição?

 

 

Textos bíblicos: Lc 1, 39-45; Mt 2, 13-23; Jo 19, 25-27

 

 

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