A Voz do Bispo › 11/09/2020

Sejamos evangelhos vivos

Setembro é o Mês da Bíblia. Não porque os outros meses não o sejam, mas para chamar atenção sobre a importância que a Palavra de Deus tem para nós católicos.

Para os cristãos, a Bíblia não é um simples livro ou um conjunto de livros (73), mas uma das formas principais da presença de Deus. Ele se revelou e manifestou seu projeto de salvação da humanidade na história de Israel que culmina com vinda do Filho Unigênito. “No princípio já existia a Palavra e a Palavra se dirigia a Deus e a Palavra era Deus” (Jo 1,1).

Toda a Sagrada Escritura, num primeiro momento foi palavra falada, transmitida oralmente. Depois de alguns séculos ou decénios, dependendo dos casos, passa a ser Palavra de Deus escrita. São Gerônimo, século IV, traduz os textos hebraicos e gregos para o latim e os reúne num único volume: a Bíblia Sagrada.

Os autores sagrados, iluminados pelo Espírito Santo, reuniram histórias, hinos, orações, cânticos, provérbios, contos populares, experiências concretas, contos passados de pai para filho.  Sabemos que a história de Israel caminha permeada de muita reflexão teológica e que para ser corretamente compreendida precisa de uma boa hermenêutica.

A Bíblia não é um livro de filosofia, mas uma forma de presença de Deus junto aos homens. Por isso podemos amá-la, deixar-nos impregnar por ela, acolhe-la como palavra viva e eficaz, pois realiza o que diz.

A própria Bíblia fala de si mesma: “É lâmpada para os meus pés, é luz para o meu caminho” (Sl 191, 105). “Julga os pensamentos e as intenções dos corações” (Hb 4, 12). “Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para ensinar, argumentar, corrigir, educar conforme a justiça” (2Tm 3, 16). Paulo escrevendo a Tiago: “Recebei com humildade a Palavra que em vós foi implantada e que é capaz de salvar as vossas almas. Todavia, sede praticantes da Palavra e não meros ouvintes, enganando-vos a vós mesmos” (Tg 1, 21-22).

Jesus também fala dela: “Não quem diz: Senhor, Senhor entrará no Reino dos céus, mas quem faz a vontade do meu Pai que está nos céus”. Quando alguém elogiou sua mãe ele retrocou: “Bem-aventurados os que ouvem a Palavra e a põe em prática”. Explicando a parábola do semeador: “Quem ouve e compreende a Palavra, esse produz fruto cem, sessenta ou trinta”.

São João Calábria para expressar a importância de praticar a Palavra pedia aos seus religiosos e colaboradores: “Sejam Evangelhos vivos!” Acho tão bonita essa exortação. Que tal leva-la a sério! Se assim fizermos passamos a evangelizar ao natural, pelo nosso testemunho de vida. Como no inicio do cristianismo: vendo como eles viviam, os pagãos aderiam a fé cristã.

Para refletir:

Como é o meu conhecimento da Sagrada Escritura? Costumo frequentá-la? Alimento minha espiritualidade nela? É a Bíblia minha fonte de inspiração? Procuro providenciar para que cada membro de minha família tenha sua bíblia? Temos o hábito lermos juntos, alguma vez? Que lugar ocupa na nossa casa?

Textos bíblicos: Eclo 27,33-28,9; Rm 14, 7-9; Mt 18, 21-35; Sl 102.

 

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