A Voz do Bispo › 05/07/2018

Santo de casa não faz milagre

Meditando o Evangelho deste final de semana, me pareceu que esse ditado popular “Santo de casa não faz milagre” foi o que aconteceu com Jesus nessa ocasião de sua vida, quando depois de andar pela Galileia pregando o Reino de Deus, chegando de volta a sua terra natal, a pequena Nazaré, não conseguiu fazer grandes coisas, como lemos em Mc 6,1-6. A reação dos conterrâneos foi de admiração e escândalo ao mesmo tempo.

De onde vem a dificuldade de aceitar e acreditar na palavra de Jesus?

À primeira vista é pelo fato de conhecerem suas origens, saberem quem são seus familiares e parentes. Toda gente simples, nenhum formado na Escola dos Mestres da Lei. O pai José, não tem nenhuma propriedade rural consistente, um carpinteiro que além de pequenos móveis fazia utensílios domésticos apenas.

O que um filho de operário podia ensinar? E mesmo assim falava com autoridade, como quem entendia do pensamento e da vontade de Deus.

Certamente os sinais e milagres realizados, a peregrinação pelos caminhos da Galileia anunciando a boa notícia da proximidade do Reino, deviam dizer alguma coisa, ao menos perceber e reconhecer nele um profeta. Mas parece que seus olhos estavam tapados e os corações endurecidos. Jesus chega a conclusão e lembra-lhes: “um profeta só não é estimado em sua pátria, entre seus parentes e familiares. E ali não pode fazer milagre algum. E admirou-se com a falta de fé deles” (Mc 6,5-6).

Algumas atualizações, entre tantas outras, que poderiam se tirar desse momento da vida de Jesus em Nazaré.

São muitos os pais e mães que sofrem por falta de reconhecimento e aceitação dos filhos quanto aos valores transmitidos e até mesmo a ajuda material que receberam e ainda recebem.

Muitos são os casais que iniciaram seus filhos a vida cristã, mas que não buscam mais Deus e que estão totalmente afastados da comunidade.

Muitos são os professores dedicados para dar o melhor para seus alunos, mas são negligenciados e desprezados pelos seus eles. Isso deve ser muito dolorido e frustrante.

Preferem seguir outros mestres que parecem mais sábios e entendidos, mais modernos. O tempo vai dizer quem deviam ter escutado e seguido. Esperamos que aconteça enquanto ainda é tempo de reparar.

O fato é que Jesus não pode fazer entre os seus, nenhum milagre pela falta de fé deles. Precisamos valorizar os “santos que estão à porta”, os mestres que aprenderam na escola da vida, os sábios verdadeiros.

 

Para refletir:

1. Quem são os meus mestres e gurus? O que espero deles? Tenho certeza que aquilo que me ensinam dá sentido a minha vida, hoje e no futuro?

2. Costumo valorizar meus pais, avôs, professores, amigos de trabalho e irmãos de sangue?

3. Se Jesus chegasse na minha casa – e chega mais que a gente pensa – como o receberia?

 

Textos bíblicos: Mc 6, 1-6; Ez 2, 2-5; Mc 11, 20-26.

 

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