A Voz do Bispo › 22/03/2018

Por suas feridas fomos curados

A Quaresma nos inspira a sair das trevas do pecado e a preparar o nosso coração para recebermos a luz de Cristo. Ela ilumina nosso ser e permanece no coração daqueles que desejam o bem e querem construir um mundo de paz e de não violência.

O pecado gera feridas e dilacera a vida pessoal, comunitária e social, levando ao rompimento da Aliança com Deus. Não há vida fraterna quando não há humildade, perdão e reconciliação, quando não há misericórdia.

Conforme Jo 3, 14-21, Jesus foi elevado na cruz assim como a serpente foi elevada por Moisés, no deserto, como remédio para curar o povo que havia sido mordido por cobras venenosas. Isto ocorreu após o povo adorar o bezerro de ouro como deus. Quem olhasse para a serpente era curado de suas enfermidades. Da mesma forma contemplando as feridas do Crucificado somos curados do pecado e de tudo o que nos separa do amor de Deus.

Jesus veio mostrar o rosto misericordioso de Deus a uma humanidade corrompida pelo orgulho e pela ambição do poder. Deus amou tanto o mundo que lhe deu seu Filho único. Ele veio não para condenar, mas para salvar o que nele crê.

A vida em Cristo é um grande grito profético contra a corrupção e a injustiça. Quem é fiel a Cristo não aceita a desonestidade.

Nosso país vive uma grande contradição: apesar de se dizer que o Brasil é um país abençoado, com povo acolhedor, na realidade vivemos em um dos países mais violentos do mundo. A cada hora, cinco pessoas são mortas por arma de fogo. Cada dia são 123 pessoas assassinadas dessa forma. Quase 50 mil por ano.

Onde há corrupção e injustiça, não há espaço para criar uma convivência saudável. A Campanha da Fraternidade nos convoca a darmos mais atenção ao princípio da justiça, superando a violência, denunciando as violações à dignidade humana, abrindo caminhos para a solidariedade.

Acreditar na fraternidade e na superação da violência é não perder a esperança na força transformadora do Evangelho.

É preciso construir a fraternidade, promovendo a cultura da paz, da reconciliação e da justiça, à luz da Palavra de Deus: “Deus tanto amou o mundo, que deu seu filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna”.

Um mundo de paz e mais justo é possível porque Deus continua amando e zelando pela humanidade. Alimentamos a esperança que os homens percebam essa luz que é Jesus e abandonem as obras das trevas que impedem a verdadeira paz.

 

Para refletir:

1. Podemos dizer que não temos nenhuma parcela de culpa pela violência instalada, hoje, em nosso país?

2. O que podemos e devemos fazer para que reine a paz e fraternidade em nossa cidade?

3. Como vou participar do gesto concreto proposto para esse final de semana na Campanha da Fraternidade?

 

Textos bíblicos: Jo 3, 14-21; Nm 21, 4-9

 

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