A Voz do Bispo › 03/07/2020

Por que ser dizimista?

O evangelho deste próximo domingo trás um caráter de censura aos que endurecem o coração e não conseguem entender, perceber e reconhecer a revelação divina. Ao mesmo tempo faz um convite a aproximar-se de Jesus, o rei justo, manso e humilde de coração, mas que tem poder de oferecer um sentido à vida. O que, certamente, é interesse de todos nós.

Na Diocese de Osório agendamos para esses dias a Semana do Dízimo, como forma de conscientização dos católicos para a participação na vida da Igreja. Assim como precisa um coração sensível para acolher a revelação divina, da mesma forma precisa de um coração aberto para entender e acolher o convite a ser dizimista.

Enquanto convite, a pessoa pode aceitar ou não, é verdade. Mas diria que é mais que um convite. Porque ser dizimista significa ser parte de um corpo vivo que é a Igreja. Por isso é muito mais que dar dinheiro. Mas sentir-se parte e corresponsável pela comunidade eclesial.

Muitas são as palavras usadas para expressar o significado de dízimo: colaborar, pagar, ofertar, doar, consagrar, entregar, recolher, arrecadar, apresentar, retribuir, contribuir, devolver e partilhar. A meu ver essas últimas duas melhor traduzem o verdadeiro sentido do dízimo: devolver e partilhar.

Somente devolve quem reconhece ter recebido. No caso do dízimo reconhecemos que, o que temos, o recebemos, direta ou indiretamente, da bondade divina. E somente partilha quem tomou consciência que pertence a uma comunidade vinculante e que implica corresponsabilidade.

Como expressa o doc. 106 da CNBB: “O cuidado com a motivação permanente em vista do dízimo está relacionado com a vivência integral da fé, que implica também a inserção na comunidade eclesial. Promove-se o dízimo cultivando a fé”. Portanto, a fé dá sentido ao dízimo. Quando essa falta se torna taxa, imposto. “Para dar dinheiro basta tê-lo; para devolver o DÍZIMO é necessária a fé!”

Quem faz a experiência do dízimo, movido pela fé, sente-se bem, feliz e realizado. Como expressava aquele humilde catador de papel: “Sou dizimista e sou feliz!” A opção por partilhar o dízimo não deve ser motivada pelo medo do castigo, mas pela alegria de poder colaborar com a comunidade e na construção Reino de Deus.

Acreditamos que a decisão de partilhar o dízimo nasce de um coração convertido e agradecido por ter encontrado o Deus da vida e experimentado a beleza de sua presença amorosa.

O católico custa entender que a prática do dízimo é sinal de conversão e amor. Nesse tempo de pandemia quantos belos gestos de partilha! O dízimo é um jeito de viver a partilha de forma organizada. Espero que esse tempo de maior introspecção ajude todos a refletir e assumir essa boa prática da fé cristã.

 

Para refletir: O que entendo por dízimo? Consigo compreender o seu significado e motivação? Já fez essa experiência de forma livre e consciente? Que resultados e reflexos teve sobre o meu viver cotidiano? Que tal começar essa experiência e observar seus reflexos para si e sua família?

 

Textos Bíblicos: Zc 9,9-10; Rom 8, 9.11-13; Mt 11, 25-30; Sl 144(145).

 

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