A Voz do Bispo › 16/03/2018

O que estamos construindo?

Mais uma pergunta-título que brota do texto proposto para o terceiro encontro do subsídio da Campanha da Fraternidade 2018 do nosso Regional Sul III, que nos faz refletir sobre a situação de violência em que nos encontramos atualmente.

A iniciativa dos filhos de Noé, depois da Aliança selada com Deus, de querer construir uma cidade segundo seus gostos e nela uma torre que chegasse até os céus, é vista como uma atitude de autonomia absoluta de quem não quer depender de Deus, própria do ser orgulhoso e arrogante que se põe no centro de tudo, que acaba gerando confusão e divisão.

Devemos reconhecer que esta atitude de orgulho, de querer edificar um mundo pelas próprias forças, independente de Deus e de suas leis, acaba gerando desentendimento e divisão entre as pessoas, tenções que aos poucos explodem nas mais variadas formas de violência.

A corrupção e a violência geram ruptura das relações e as Babéis se multiplicam. Daí a importância da convivência fraterna em sociedade para a construção de laços duradouros de fraternidade.

O Evangelho oferece a todos uma oportunidade de vida nova, de renovação pessoal, de mudança de atitudes, a fim de que todos vivam com mais amor e menos violência uns para com os outros.

A violência em nosso país é um fato e pede nossa criatividade para juntar-nos com todas as pessoas de boa vontade a fim de trabalharmos juntos pela paz.

Os filhos de Caim matam seus irmãos e constroem cidades violentas. Cristo se faz servo de todos para nos resgatar de nossa teimosia em permanecer no pecado da divisão. É Ele quem restaura a Aliança e a perpetua para a eternidade.

A divisão de Babel só será superada, conforme relata a Bíblia, com a vinda do Espírito Santo em Pentecostes. Segundo a narração de Atos 2, 1-11, os povos todos ouvem falar das maravilhas de Deus em sua própria língua.

A superação da violência só será possível quando nos reconhecermos todos irmãos. Somente quando todos nos sentirmos irmãos e corresponsáveis uns pelos outros vamos conseguir nutrir o espírito fraterno e superar todas as atitudes que geram violência.

É de estrema importância que todos – pessoas, grupos, instituições publicas e privadas, famílias, escolas, empresas, igrejas, comunicadores, governantes – procuremos responder a pergunta: “O que queremos construir?”

Posto o ideal que queremos – uma sociedade de justiça e paz -acharemos os caminhos e meios para construí-lo. Pelo que parece, sem Deus, só com nossas forças, nunca chegaremos lá. O Espírito vem em nosso socorro, sempre que há boa vontade.

 

Dom Jaime Pedro Kohl – Bispo de Osório

 

Para refletir:

1. Como eu e meu grupo reagimos às situações de violência que ocorrem em nossa cidade e região?

2. De que forma superar a violência que afeta a vida das pessoas, famílias e comunidades?

3. Que tipo de vida e sociedade estamos construindo?

 

Sugestão de Leitura:

Texto bíblico: Gn 11, 1-9; At 2, 1-11

 

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