A Voz do Bispo › 22/05/2020

Histórias que ajudem a encontrar as raízes

Todos os anos por ocasião da solenidade da Ascensão do Senhor, Dia Mundial das Comunicações Sociais, o papa costuma enviar uma mensagem abordando algum tema relacionado com a comunicação. No ano retrasado o papa Francisco se dedicou a falar sobre o problema das Fake News. No ano passado: “Somos membros uns dos outros”.  Neste ano trás o tema da narração pois, diz ele, que para não nos perdermos, precisamos respirar a verdade das histórias boas: histórias que edifiquem, que ajudem a encontrar as raízes e a força para prosseguirmos juntos.

Na confusão das vozes e mensagens que nos rodeiam, temos necessidade de uma narração humana, que nos fale de nós mesmos e da beleza que nos habita; uma narração que saiba olhar o mundo e os acontecimentos com ternura, conte a nossa participação num tecido vivo, revele o entrelaçado dos fios pelos quais estamos ligados uns aos outros.

O ser humano é um ente narrador. Desde pequenos temos fome de histórias. Sejam elas em forma de fábula, romance, filme, canção, ou simples notícias. As narrativas nos marcam. Não tecemos apenas roupas, mas também histórias. Mas sabemos que nem todas as histórias são boas. Frequentemente nos teares da comunicação, em vez de narrações construtivas, que solidificam os laços sociais e o tecido cultural, produzem-se histórias devastadoras que corroem e rompem os fios frágeis da convivência.

Numa época em que se revela cada vez mais sofisticada a falsificação, precisamos de sapiência para patrocinar e criar narrações belas, verdadeiras e boas. Necessitamos de coragem para rejeitar as falsas e depravadas. Precisamos de discernimento para descobrirmos histórias que nos ajudem a não perder o fio da meada.

A Sagrada Escritura é uma História de histórias que nos ajudam nesse sentido. Ela nos mostra que não nascemos perfeitos, mas precisamos ser continuamente ‘tecidos’ e ‘recamados’. A vida foi-nos dada como convite a continuar a tecer a ‘maravilha estupenda’ que somos. A Bíblia é a grande história de amor entre Deus e a humanidade. No centro está Jesus: a sua história leva a perfeição o amor de Deus pelo homem e a história de amor do homem por Deus.

Depois que Deus se fez história, toda história humana é, de certo modo, história divina. Toda história humana tem uma dignidade incancelável. Paulo já dizia: “Vós sois uma carta de Cristo confiada ao nosso ministério, escrita, não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo; não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne que são os vossos corações”.

Quando fazemos memória do amor que nos criou e salvou, quando colocamos amor nas nossas histórias diárias, quando tecemos de misericórdia as tramas dos nossos dias, nesse momento estamos virando página. É a história que se renova e progride.

 

Para refletir: que tipos de histórias me atraem? O que me comunicam? Que sentimentos deixam no meu coração? Já parei alguma vez e tentei narrar a minha história? Consigo ver a importância em cada uma? Que tal dar um tempo para ler a história de Jesus e relacioná-la com a minha!

 

Textos Bíblicos: At 1, 1-11; Ef 1, 17-23; Mt 28, 16-20; Sl 138(139).

 

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