A Voz do Bispo › 13/11/2020

A Melhor Política

Estamos na semana das eleições municipais, momento importante para o exercício da nossa cidadania, cientes que ela não se reduz ao voto, mas que o voto consciente é sempre uma ação digna que mostra nossa maturidade política e o nosso senso de responsabilidade social. Não participar ativamente achando que isso não interessa ao cristão católico não deixa de ser uma certa alienação, e totalmente contrário ao pensamento da Doutrina Social da Igreja.

Trago alguns textos da encíclica do papa Francisco, Fratelli Tutti, que nos fala sobre “A melhor política”. Vejamos como abre o Capítulo V: “Para se tornar possível o desenvolvimento de uma comunidade mundial capaz de realizar a fraternidade a partir de povos e nações que vivam a amizade social é necessária a política melhor, a política colocada a serviço do verdadeiro bem comum” (154). Qual é a melhor política? Aquela que busca o verdadeiro bem comum.

Quando o magistério da Igreja fala que a política é a melhor forma de caridade o horizonte se amplia e os discursos politiqueiros caem por terra. Por isso o papa insiste que “perante tantas formas de política mesquinhas e fixadas no interesse imediato, lembro que a grandeza política se mostra quando, em momentos difíceis, se trabalha com base em grandes princípios e pensando no bem comum à longo prazo” (178).

No número 180 esclarece ainda melhor: “reconhecer todo ser humano como um irmão ou uma irmã e procurar uma amizade social que integre a todos não são meras utopias… Um indivíduo pode ajudar uma pessoa necessitada, mas, quando se une a outros para gerar processos sociais de fraternidade e justiça para todos, entra no ‘campo da caridade mais ampla, a caridade política’. Trata-se de avançar para uma ordem social e política, cuja alma seja a caridade social. Convida uma vez mais a revalorizar a política, que ‘é uma sublime vocação, é uma das formas mais preciosas de caridade, porque busca o bem comum’”.

E acrescenta: “É caridade acompanhar uma pessoa que sofre, mas é caridade também tudo o que se realiza para modificar as condições sociais que provocam o seu sofrimento. Alguém ajuda um idoso a atravessar um rio e isso é caridade primorosa; mas se o político lhe constrói uma ponte, isso também é caridade. É caridade se alguém ajuda uma outra pessoa fornecendo-lhe comida. Mas se o político lhe cria um emprego, exerce uma forma sublime de caridade, que enobrece sua opção política” (186).

Gostaria de concluir com essa outra afirmação: “é de grande nobreza a capacidade de desencadear processos cujos frutos serão colhidos por outros, com a esperança colocada na força secreta do bem que se semeia. Ao amor, a boa política une a esperança, a confiança nas reservas de bem que, apesar de tudo, existem no coração do povo” (196).

Vamos votar, fazendo bem aquilo que somos chamados a fazer.

 

Para refletir: O que desperta em mim essa forma de ver a política? Consigo perceber sua importância e reflexo na vida das pessoas e dos povos? O que podemos fazer para que nossos governantes assumam esse espírito? Em que o meu voto pode ajudar?

 

Textos bíblicos: Pr 31, 1-31; 1Ts 5,1-6; Mt 25, 14-30; Sl 127.

 

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